quinta-feira, 18 de outubro de 2012

PMM

À Babe,

O dia de hoje, despontou com um céu cinzento vestido de chumbo, agourando uma chuva impiedosa. Na meteorologia, como na vida, as mudanças podem ser drásticas e velozes. Não choveu e o céu cerimoniou-se de azul com um solarengo sorriso. Esse sorriso materializou-se nos meus lábios, sob a quase presença de ti, mulher de letras de prestígio e de requintada erudição.
Eis, o meu primeiro pensamento do dia.
Alimentei a imaginação, deslizando para um ruminar de memórias que juntas fazemos crescer.
Tu complementas-me, na medida em que me travas. Aquela minha vontade de tornar o tempo célere e de futurar em demasia, é sabiamente encurtada por ti. Tornas-te numa espécie de tempero em mim. Essa temperança por ti emanada, não me causa contrariedade, é bem o seu oposto, inspiras-me confiança. Tu fazes com que eu me compreenda, sacias-me curiosidades e saberes, fazes com que observe a forma arrastada como cada dúvida se instala. A nossa amizade é sobretudo marcada pelos momentos vazios da ausência que te afasta; a rotina das nossas vidas, cheias de obrigações e deveres, faz com que se relegue para segundo plano aquilo que já me é importante. O amor que te tenho. Sinto que, por mais que demore a nossa rentreé, tu não chegas a sair, é como um solo fértil onde tu disseminas a semente da presença e cresces em mim. Quando tu estás comigo, há diálogo, quando não estás comigo, há monólogo, há a ideia de ti, como uma marca de água em mim; afinal não há vazio e há amizades assim. Há apenas um discurso interrompido. Gosto-te todos os dias, por mais um motivo que me dás, sempre que me prendas com a tua partilha, com a tua genialidade.

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